Dizem as estatísticas que a natação é a segunda modalidade desportiva mais praticada. E por ter grande história e um grande volume de praticantes na EDV, merece lugar de destaque.
As lesões mais frequentes na natação são as resultantes da sobrecarga morfofuncional e as relacionadas com a permanência no meio aquático. Sintetizo no quadro abaixo as situações mais comuns e abordarei apenas as musculo-esqueléticas mais frequentes.
As lesões mais frequentes em proporção são:
E por categoria:
Trata-se de uma modalidade desportiva que quando bem orientada surte efeitos bastante benéficos a vários níveis, quer físicos quer psicológicos. No entanto, numa vertente competitiva pode repercutir-se negativamente, principalmente nas faixas etárias mais baixas. A Medicina Desportiva deve abranger preventivamente os diferentes escalões mas em especial aos mais jovens. A actuação nos treinos requer mais atenção por serem registados quase a totalidade dos casos clínicos, ao contrário de outras modalidades onde a prevalência de lesões se relaciona com a competição.
A lesão mais frequente é “ombro do nadador” (swimming shoulder) que define uma patologia dolorosa prevalente em nadadores de competição. Reflecte uma acção microtraumática repetida, ou seja, repetição contínua de um gesto (normalmente exagerada rotação interna, ou seja, palma da mão virada para fora), associada à força, a má postura e a ausência de repouso. Além desta, também tendinites dos músculos do complexo do ombro (da coifa dos rotadores), “impingemente” ou conflito do espaço sub-acromial ou compressão de estruturas aquando do gesto, são também frequentes. A acção repetida leva a um processo inflamatório inicial, causando dor, evoluindo para tendinite podendo estender-se à bolsa sub-acromial ou ate a micro-roturas/roturas do tendão da coifa com consequentes processos degenerativos.
Como prevenir? Técnica de nado correcta; recuperação alta na fase aérea da braçada em crol, respiração bilateral e evitar a entrada na água da mão em rotação interna excessiva; evitar “paddles” ou palmares; regular volume de treino com a idade do nadador, programas de fortalecimento muscular fora de água, etc. No entanto, se surgirem sintomas: reduzir a distância de nado, repouso, evitar técnicas que exacerbam a dor, aplicar gelo após as sessões de treino, manter a condição física com outro tipo de exercícios e mais trabalho dos membros inferiores em detrimento dos superiores.
O joelho é também bastante afectado e mais associado à fase final da pernada em bruços: “joelho do nadador” relacionado com o envolvimento do ligamento lateral interno e articulação femuro-tibial. Para prevenir deve-se evitar esta técnica ou altera-la de forma a diminuir a sobrecarga ligamentar.
A coluna vertebral é outro segmento bastante lesado. Contribui para isso a má execução da técnica e excesso de carga de treino. Como prevenção, a respiração bilateral na técnica de crol pode apresentar vantagens assim como o repouso.
Conclusão: 1. Deve-se fazer sempre uma avaliação cuidada de cada atleta para averiguar factores de risco; 2. Aponta-se a má execução da técnica como a maior causa das patologias na natação e 3. O ombro é o segmento mais lesado na natação.
Lígia Rio
- fisioterapeuta -
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