quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Opinião: Prevenção de lesões no Basquetebol

Mais uma vez vou incidir, esta pequena opinião, na prevenção das lesões! Para mim sempre uma pragmática a defender: se não queremos atletas lesionados teremos de apostar mais e melhor na prevenção, o que nem sempre é possível. Mais direccionada para a vertente do basquetebol pretendo alertar os praticantes dos perigos que facilmente se corre predisponentes a lesões. 

No basquetebol são mais frequentes: a entorse da tíbio-társica (tornozelo); entorses dos dedos, entorse do joelho, tendinites (inflamação dos tendões); fracturas dos dedos; distensões musculares; fracturas do nariz; luxações; fracturas de peças dentárias; rupturas musculares e tendinosas. Sem dúvida que as entorses da tíbio-társica e dedos são as mais frequentes. Maior incidência no sexo masculino e nos jogadores de elite. Entre as causas mais frequentes estão o choque entre os jogadores, as quedas, o cansaço e o embate contra objectos fixos. 

O tornozelo é a articulação mais lesionada e é após o salto apoiando-se sobre o bordo externo do pé aquando do contacto com o solo, que se dá a maioria das situações de entorse, entorses em inversão lesionando a parte de fora do pé (parte ligamentar principalmente). Também os dedos estão particularmente expostos aos traumatismos mais pela recepção da bola que leva o dedo (maioritariamente o 3º) a uma hiperextensão ou uma hiperflexão. 

As articulações do joelho são também muito afectadas, não só por mecanismos traumáticos mas também em consequência de esforços repetidos – tendinites do rotuliano, designada por jumper’s knee muito característico dos basquetebolistas. 

O objectivo é prevenir a lesão! Para isso é importante, o exame desportivo (abordado aqui), acompanhamento do atleta ao longo do tempo, assim como controlo de factores, como: a condição física do doente - uma boa condição permite economia de esforço, resistência à fadiga aumentando o rendimento e diminuindo ocorrência de lesão; domínio da técnica – quanto melhor a execução, menores riscos de lesão; preparação psicológica – desde o minibasquete ao sénior, gera ansiedade, que poderá ter implicações no desempenho das tarefas assim como bem-estar psicofísico do atleta, diminui a atenção e debilidade das capacidades, maior fadiga logo propensão a lesão; o calçado deve ser tipo bota pois protege melhor o tornozelo e pé, confortável e com atacadores bem apertados (mais lassos nos 3 primeiros ilhós e progressivamente mais apertados) e a sola não deve ser lisa. Importante usar dois pares de meias para diminuir fricção com a bota e de algodão. 

Um assunto que tem sido alvo de discórdia no meio desportivo é relativo ao uso ou não de ortóteses ou ligaduras funcionais nas articulações mais vulneráveis a lesão, (+ no tornozelo). É facto que o uso destas diminui a ocorrência de lesão, no entanto, diminuir os estímulos activos e o tempo de reacção “do mecanismo activo do tornozelo” perante a lesão. Na minha opinião, os atletas deveriam jogar com as ortóteses – até porque devido à intensidade do jogo há maior ocorrência de entorse em comparação com os treinos. No entanto, como se trata de uma estabilização passiva da articulação, ou seja, não é necessária uma actuação tão eficaz da parte muscular para ela própria estabilizar a articulação, acaba por haver um enfraquecimento destas estruturas. Por isso, aconselho o uso de ortóteses nas competições acompanhado de um treino específico (incluindo treino proprioceptivo – treino muitíssimo importante) da parte muscular que envolve o pé, nos treinos. 


Quando existe predisposição para determinadas lesõe, instabilidades, ou lesões antigas, ou ate mesmo condições do próprio piso de jogo que as facilitem, aconselho sim, à utilização de imobilizações funcionais ou outras protecções como joelheiras, cotoveleiras, protecções bucais, etc. 

Em conclusão: a predominância das lesões no basquetebol é da entorse do tornozelo e dedos. Uma variedade de factores físicos e psicológicos podem predispor o jogador à lesão. Um treino cuidado e específico das articulações assim como o uso de imobilizações preventivas podem ser usadas, mediante os casos, para diminuir a ocorrência das mesmas. 

Lígia Rio
Fisioterapeuta

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