Também chamada de osteíte púbica ou doença pubiana, a pubalgia significa “dor no púbis”. Condição dolorosa da sínfise púbica ou na origem da musculatura adutora e/ou abdominal que piora progressivamente com o esforço físico e melhora com o repouso e fisioterapia.
Cada vez mais comum no meio desportivo, principalmente em jogadores de futebol. A prevalência é maior em homens do que nas mulheres, não só porque existem mais homens a jogar futebol mas também pelas diferenças anatómica e biomecânicas (a bacia da mulher adapta-se melhor aos impactos dos desportos).
Mecanismos de lesão/Causa
É consequência de movimentos corporais compensatórios causados por gestos repetidos durante a actividade física. Os atletas são, muitas vezes, submetidos a grandes períodos de treino sem repouso e sem programas adequados de alongamento, o que predispõem ao seu aparecimento.
A esta patologia também se aponta o encurtamento da parte posterior da coxa (isquiotibiais), excesso de abdominais e falta de flexibilidade ou sobrecarga dos adutores como causa de desequilíbrios musculares da cintura pélvica que levam à Pubalgia. No entanto, também traumatismos directos, desequilíbrios musculares, dismetrias dos membros inferiores; recinto e equipamento desportivos inadequados, etc., podem ser factores predisponentes.
Sintomas
Manifesta-se por dor na sínfise púbica geralmente associada ao exercício podendo irradiar para a virilha e parte interna da coxa. Comum dor na inserção dos abdominais (dor ao tossir). Por vezes pode causar dores na lombar. Os sintomas são limitantes e os exercícios de alongamento na fase aguda exarcebam a dor. Dor à palpação na zona da sínfise e nos músculos mencionados. Dor à abdução passiva e adução resistida. Por vezes pode causar dor ao andar (adutores são músculos importantes na marcha).
Diagnóstico
Ao contrário do que é referido na literatura, eu não acho ser uma patologia de diagnóstico difícil, uma associação lógica dos sinais e sintomas levam o profissional a concluir. Para além desse exame clínico, sinais radiológicos podem ser também detectados. O RX pode mostrar lesão do osso púbis, calcificação dos tendões acometidos, osteoartrite ou instabilidade pélvica. Já a TAC e a RMN podem evidenciar outras causas de dor na virilha como a hérnia inguinal ou outras lesões musculares e tendinosas. Obviamente é necessário fazer um diagnóstico diferencial para despistar outras possíveis ocorrências das quais: hérnia inguinal e femural, prostatite, uretrites, alterações fisiológicas da articulação, infecções, etc..
Tratamento
Confirmado o diagnostico, cabe ao fisiatra e fisioterapeuta fazer avaliação do atleta para detectar quais os desequilíbrios de cada caso para corrigir e elaborar um tratamento adequado. O tratamento é variado e por vezes demorado porque quando o doente chega para tratamento já tem a pubalgia numa fase muito avançada. Tratar localmente a púbis não resolve o problema, é necessário actuar mais além e eliminar a causa. É logo necessário repouso, cessação dos treinos e uso de medicamentos que ajudem a atenuar a sintomatologia.
A primeira fase da reabilitação – fase aguda, serve maioritariamente para diminuir a sintomatologia álgica e inflamação; numa segunda fase de reabilitação inicia-se o treino aeróbio, fortalecimento dos grupos musculares e alongamentos e numa terceira fase – de retorno à actividade desportiva onde se trabalha a propriocepção especifica, fortalecimentos e treino do gesto desportivo. Alguns métodos como RPG (Reeducação Postural) e hidroterapia podem ser realizados ao longo do tratamento.
O alongamento inicialmente deve ser indolor evoluindo sempre ate se conseguir manter uma postura prolongada de forma a recuperar a qualidade de alongamento dos músculos encurtados e reforças os tendões e pontos de inserção. É necessário relaxar os isquitibiais (músculos posteriores da coxa) e a lordose lombar antes de trabalhar o psoas, adutores e abdominais.
O tratamento engloba muitos agentes físicos e técnicas manuais próprios da fisioterapia. Aqui não dá para exprimir de forma clara um protocolo de tratamento nem posturas de cadeias musculares muito utilizadas. Aconselho os atletas que suspeitam ter uma pubalgia a procurar o quanto antes um profissional de saúde. Quanto mais demorado for o inicio do tratamento maior será o tempo de recuperação.
Sendo uma patologia tão incapacitante, devemos sempre preveni-la englobando os atletas num programa de alongamentos específicos da musculatura da região pélvica, principalmente dos adutores da coxa, isquiotibiais e flexores da anca, não esquecendo da correcta realização dos exercícios abdominais, assim mantem-se um equilíbrio dinâmico entre as estruturas.
Lígia Rio
- fisioterapeuta -
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