Luís Cunha |
Luís Cunha assumiu interinamente o cargo de treinador dos seniores do Afifense. Antigo ponta esquerda do clube e treinador há seis anos, nas camadas jovens, tem liderado os juvenis, este ano, numa campanha exemplar. Solução de recurso ou o primeiro passo para carreira ainda mais promissora só o futuro o dirá. Por agora, importa ouvir o homem que quer manter o Afifense na III divisão.
Como surgiu o convite para treinar os seniores do Afifense?
O convite em si não surgiu pois eu era a única opção que existia no clube. Sou o único treinador com o grau de qualificação para estar no banco. Ainda assim, por enquanto não sou o treinador efetivo da equipa pois a minha prioridade são os juvenis. Tenho dado os treinos a meias com o capitão de equipa. Em princípio fico até que se encontre outra solução até ao final da época mas não se descarta a hipótese de permanecer até a competição terminar.
Vai ser fácil substituir Cabé?
Ninguém é insubstituível mas existe uma perda, que todos lamentamos mas o clube não pode parar e tem de se arranjar soluções para os problemas. Do Cabé só posso dizer bem. É um bom amigo, muito capaz na sua profissão. Não há nada que lhe possa apontar. Espero que a mudança seja boa para a equipa. Um novo treinador com metodologias de treino diferentes, organização e motivação diferentes. Estamos perante uma viragem que no qual espero muito apoio da direção para com aqueles que se dedicam ao clube.
Como vê a atual situação do clube? Afinal, o que aconteceu para este mau momento da equipa?
Em seniores a situação está muito complicada. Estas dificuldades são um reflexo da pouca aposta na formação dos últimos anos. O Afifense deixou de ter formação e está agora a notar-se essa falta. Provavelmente os seniores só irão voltar a ter equipa daqui a três/quatro anos. Até lá vai-se apostando na formação e tentar manter os seniores na terceira. Durante a época foi-se assistindo a uma maior falta de motivação e o lote de jogadores foi diminuindo. Obrigatoriamente os níveis de treino também baixaram e de quatro treinos agora praticamente só se treina duas vezes, se bem que só à sexta há jogadores. Na formação as coisas estão melhor porque se apostou nos técnicos que estão à frente. Mudou-se um pouco a filosofia de organização e de treinos. Chegou-se a conclusão que a formação é o suporte mais fiável para um clube com falta de verbas. Penso que aos poucos e com ajuda dos técnicos que estão no clube seja possível manter o Afifense de pé e com um projeto para uma escola de formação em andebol
O que se pode esperar deste Afifense até ao final da época?
A manutenção. É esse o objetivo.
Luís Cunha a orientar um treino de juvenis |
Quais são as principais diferenças entre treinar o juvenis e seniores?
Estamos a falar de escalões muito diferentes em que as mentalidades, experiências e objetivos são diferentes. Os juvenis vêm de épocas pouco conseguidas e com um passado complicado a nível de disciplina e aceitação de regras que devem existir a nível de equipa. Alguém tem que ser a voz de comando, um líder, e depois tudo se torna fácil. Tenho contado com vários fatores na construção da equipa pois está dividida em três escalões. Os que já jogam à mais de 3/4 anos, os que estão há um ano mas evoluíram rapidamente e os que já estão à 3/4 anos e não evoluíram juntamente com os que entraram este ano. A maior dificuldade está em conjugar estes três grupos de maneira a conseguir um bom nível sem desmotivar os atletas. Enquanto que nos seniores já são jogadores formados, portanto a nível de treino pouco vão aprender, é só limar arestas e trabalhar a parte física. Obviamente que também o trabalho psicológico tem de estar constantemente presente.
Qual o segredo para o sucesso deste ano nos juvenis?
Umas das minhas primeiras preocupações foi conhecer cada um dos atletas. Depois procurei unir os jogadores e formar uma equipa em que todos se conhecessem e respeitassem. Fomentei também o respeito para com os árbitros, adversários, colegas e treinador. Posso dizer que foi difícil e trabalhei durante dois meses todos os dias para tentar encontrar soluções para cada um. A exigência e a variedade a nível de treinos fez com que eles se sentissem responsáveis e não entrassem numa rotina cansativa (a nível psicológico). É claro que um ou outro resultado positivo seria uma cereja no topo do bolo.
Até onde pode ir este Afifense (em juvenis)? Chegar à I divisão?
Não estava planeado a passagem a esta fase. Aconteceu porque a qualidade da equipa foi crescendo e o resultado é o que se vê. É óbvio que agora vamos apostar nesta fase de apuramento e tentar ver até que nível se encontra esta equipa. Podemos fazer um excelente trabalho nesta equipa mas sei que o nível das equipas aumentou e nós temos que estar preparados a todos os níveis, principalmente ao nível da ansiedade, visto que todos eles nunca tinham chegado a esta fase. Poderemos chegar à I divisão mas numa primeira fase pretendemos ficar entre o primeiro e o segundo. Se o conseguirmos nada deixa de ser impossível e eles já demonstraram isso.
Breve comentário ao andebol no distrito.
O andebol no distrito já teve melhores dias. Teve pontos altos e agora tem vindo a baixar, o que é preocupante. Não temos associação representativa, não temos duplas de arbitragem e a corrupção e a falta de ética de algumas pessoas fizeram com que houvesse uma descredibilização e pouca ou nenhuma confiança da Federação Portuguesa de Andebol e outros organismos públicos e privados. Somos três clubes com dificuldades financeiras e falta de pessoal. Se não nos unirmos o andebol acabará por desaparecer em Viana. Penso que tudo passara pela capacidade de reflexão dos clubes envolvidos.
A corrigir movimentos |
Passa e Corta
Nome Luís Cunha
Idade 37
Clubes Afifense
Principais títulos
enquanto jogador Bi campeão regional de juvenis. Atleta da seleção regional e nacional nas camadas jovens. Participação na fase de apuramento à I divisão na época 2005/2006.
Ponto Alto
enquanto jogador Oitavos de final da Taça de Portugal (Afifense vs FC Porto 2004/2005). Considerado pela revista Sete (revista de andebol) um dos melhores jogadores da zona Norte.
enquanto treinador esta temporada, nos juvenis.
Ponto Baixo
enquanto jogador uma pubalgia que o fez parar oito meses (2006/2007)
Profissão Técnico Profissional
José Domingos Ribeiro
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