quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Opinião V: O valor do erro*

Quanto vale um erro no desporto? Um penalty falhado pelo Cristiano Ronaldo tem o mesmo valor que um outro falhado pelo avançado do Valenciano? E o lançamento falhado ao cesto no último minuto pelo base da Ovarense custa o mesmo que um outro feito por um jogador da Escola Desportiva de Viana?


Esta questão do erro e do seu valor é das questões mais complexas e pouco discutidas no mundo desportivo, se calhar, porque são muitas as variáveis em discussão. Por exemplo, o falhanço de Cristiano Ronaldo é compensado pelo dinheiro que entra no clube, diariamente, com a venda de “mercadoria” afecta ao jogador ao contrário do jogador do Valenciano que, se calhar, nem camisolas vende. Por outro lado, custa mais aos cofres do Real de Madrid o penalty falhado porque pode estar em causa o apuramento para uma qualquer Taça do que o falhanço na equipa de Valença.


Lanço esta questão na presunção de lançar uma discussão e também para abordar um problema muito visível no futebol e raramente falhado nas ditas modalidades amadoras: o erro da arbitragem. Tomemos como exemplo aquilo que conheço melhor, o voleibol.


Grande parte dos orçamentos, na maioria das equipas a rondar os 75%, são gastos em questões extra desportivas como taxas, deslocações e pagamento a árbitros. Logo, só na divisão cimeira, A1, é que normalmente sobra dinheiro para pagar a jogadores. Em média, um arbitro de voleibol ganha 50 euros por jogo: são 200 euros por mês, isto se não apitar dois jogos por fim-de-semana.


200 euros é quanto ganha, em média, um treinador dos escalões de formação em equipas que não de topo. Acrescente-se que um árbitro de voleibol frequenta apenas (?) acções de formação esporádicas, não treina durante a semana e, não raras vezes, ainda tem as deslocações pagas. Não quero demonizar nada nem ninguém. Mas não custará, neste contexto, um erro muito dinheiro a um clube? Não deveria haver um maior cuidado por parte destes senhores nas abordagens aos jogos sejam de andebol, voleibol ou basquetebol? Quantos são penalizados pelos erros que vão cometendo? E não vale comparar com os jogadores e os treinadores que também erram porque estes podem ser substituídos a qualquer altura. E aos árbitros quem os substitui?


Esta é uma questão que gostaria de abordar em próximas crónicas. Espero que com mais assiduidade que os treinos e a vida profissional me têm impedido de fazer.


* Pedro Antunes Pereira


Atleta do VCV, jornalista




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2 comentários:

  1. A arbitragem padece do mesmo problema que os clubes, a falta de formação!

    No caso do futsal, a associação local prefere "formar" árbitros em quantidade, atribuindo à experiência adquirida durante os jogos como forma intensiva de aprendizagem. Obviamente, esta situação não garante qualidade à arbitragem nos jogos.

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  2. Caro José Domingos

    Se houve-se Árbitros em quantidade decerteza que havia mais opçoes de escolher e assim melhor qualidade, como sabes temos poucos árbitros e não temos campeonatos de formação para eles começarem apitar, teem que começar logo apitar juniores e sérios como sabes não é bom, mas se olhares para o Nacional deves reparar que a Arbitragem está melhor representada que os clubes na nossa associação, temos que dar tempo ao tempo porque formar Bons Arbitros não é tao facil como fazer Bons jogadores

    Abraço

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