sábado, 13 de abril de 2013

Santos da Casa: “Crise? Mas qual crise?”

Esta foi uma expressão, no mínimo, curiosa proferida pelo dirigente do Clube Basquete de Viana (CBV), Paulo Torre em plena Conferência “Pensar o… Basquetebol em Viana”, organizada pelo DEV. A verdade é que o vocábulo “crise” passou a ser usado em grande parte das nossas frases, alargando o seu campo semântico, numa espécie de desculpa para o que não tem explicação lógica nem racional.

A noite de quarta-feira voltou a ser de reflexão, com os astros do Basquete a convergiram energias, em prol do crescimento da modalidade pela qual nutrem sentida paixão. O diagnóstico foi reservado, apesar de abrir boas perspetivas para um futuro que, pelo presente, se adivinha bem risonho. Jogadores chamados aos estágios da seleção nacional e várias equipas vianenses nas provas nacionais, com resultados meritórios. Contudo, há sempre sinais de alarme (número diminuto de praticantes) que devem ser levados em conta.

Mas, onde estávamos? Na crise, pois claro! Não será novidade se afirmar que o país está mergulhado numa crise social e económica que se alastra a outros campos da sociedade. Na génese do problema estará o conformismo que move os portugueses, no geral, e os vianenses, em particular. Outras das expressões que sobressaíram da troca de ideias dos amantes do Basquete é a de que faz falta colocar paixão naquilo que se faz.

Quanto a mim, essa é a verdadeira crise atual. Colocar paixão no que se faz. Fazer por fazer, não garante resultados a longo prazo, não se acrescenta valor. O limbo entre o sucesso e o insucesso é definido pela paixão que emprestamos às nossas ações. É preciso perceber que tem de ser o Desporto a crescer “à custa” das pessoas, e não, eventualmente, o contrário.

Os bons ventos do futuro, que acima referi, trazem ecos de uma aposta forte na formação e no vetor escola-clubes-associações locais. Este foi um aspecto defendido, com afinco, pelos oradores e público, no caso em específico do Basquetebol, e que se pode alastrar a todo campo desportivo. Para tal deixo apenas um exemplo: da espinha dorsal da formação do Nogueirense, que foi dos distritais à I divisão, pelo menos uma mão cheia de atletas foram oriundos do Desporto Escolar, e hoje, um deles (Hugo Agra) brilha, tão somente, no bi-campeão de França.

O Desporto em Viana tem motivos para acreditar que pode “furar” – não se será o termo mais correto – a crise. Cito outro exemplo: Alexandre Ribas. O nadador da Escola Desportiva de Viana é campeão nacional, na sua categoria, sendo uma das jovens promessa da natação em termos nacionais.

Tal como Tiago (Futebol), Hélio Gomes (Atletismo) Adriano Paço ou Ricardo Lima (Voleibol) ou Luís Viana (Hóquei) não faltam bons exemplos de como Viana do Castelo é grande em matéria de Desporto. Então faltará tradição a Viana? Em abono da justiça, creio que não, falta apenas… isso, colocar “gosto” no que se faz!

Em suma, fica mais um rasgo de inconformismo DEV e seus leitores. Sem a adesão necessária para transcender a reflexão a um nível superior, ficam traços de um sol que poderá brilhar num amanhã não muito distante. Resta trabalhar e… continuar a trabalhar. Só assim a Princesa do Lima poderá continuar a aplaudir os seus campeões que, a espaços, conquistam o seu lugar ao sol no céu mediático nacional. Apostar na formação não é só uma forma de reduzir custos, trata-se de rentabilizar esforços. É caso para dizer “diz-me o que semeia hoje, dir-te-ei o que colherás amanhã”!

João Cerqueira Santos

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