quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Opinião: Semear e não colher

Disputou-se no passado dia 13 de Janeiro o Campeonato Nacional de Estrada, em Lisboa, onde a equipa do Maratona de Portugal se sagrou mais uma vez Campeã Nacional em masculinos e femininos. Não é porém este mais ou menos esperado desfecho que me leva a escrever este comentário, mas sim um outro facto que me deixa um amargo de boca.

Nesta importante competição estiveram presentes quatro atletas de Viana do Castelo, naturais e residentes de Viana do Castelo, que se classificaram os quatro nos 15 primeiros lugares; (José Rocha,3º, Fernando Silva,9º, Ricardo Dias,10º e Marco Morgado 14º). Todos estes atletas foram formados e especializados em clubes de Viana do Castelo e com esta classificação, se pertencessem todos à mesma equipa garantiriam um lugar no pódio.

Ao longos dos 13 anos que levo como treinador e tendo contribuído para a evolução de alguns destes e de outros atletas, aliada à alegria que os êxitos, (e são muitos) por eles alcançados, sinto uma grande frustração pelo facto de não haver capacidade para manter esses valores no nosso concelho e rentabilizar dessa o forma o trabalho efectuado ao longo dos anos da formação.

Analídia Torre, foi durante este período a única atleta natural de Viana que consegui um lugar de honra Europeu (Vice-campeã) representando a nossa cidade, sendo mesmo assim logo em seguida obrigada a sair para um clube de Lisboa onde lhe garantiam melhores condições e apoio para puder evoluir.

A partir de então foi, Fernando Silva, José Rocha, Marco, Morgado, Hélio Gomes. Ricardo Dias e ultimamente os jovens, Diogo Lourenço e Diogo Carvalho, todos eles à procura de condições que lhes permitam obter êxito

Vai sendo tempo de Viana do Castelo colher aquilo que ao longo dos anos a própria cidade, os clubes, dirigentes e treinadores tem semeado. Hoje não tenho dúvidas que seria possível construir uma equipa só de atletas de Viana capaz de lutar pelos títulos nacionais de estrada e corta-mato, haja vontade, porque quem consegue formar atletas deste nível, tem também o dever de criar condições para rentabilizar o investimento.

É bom realçar que pese embora o contexto económico actual, não ajude, o investimento nesta modalidade não é tão dispendioso como às vezes se faz crer. Em termos de comparação, o orçamento de um mês de uma equipa de futebol da 3ª divisão garantiria um ano de actividade a uma equipa de atletismo do top nacional.

Faço votos que esta mensagem desperte interesse nas forças vivas da nossa cidade, Câmara Municipal, entidades públicas e privadas, empresas e todos aqueles que queiram dar o seu contributo para o prestígio do desporto da nossa terra, para que juntos possamos, dar continuidade ao trabalho e garantir aos nossos jovens a possibilidade de representarem ao mais alto nível a sua terra natal.

Amadeu Ferreira Gomes
- treinador de atletismo -

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