Oscar Wilde disse uma vez que "a coerência é o último refúgio dos sem imaginação"! No entanto, é um facto irrefutável que a consistência no desporto é essencial para o sucesso a longo prazo. Andy Lane explica como se pode aumentar a consistência para melhorar o desempenho no desporto.
Imagine a cena: é a final do Mundial e a Inglaterra vai ganhar se Steven Gerrard pontuar na marcação dos penáltis.
Se Gerrard for consistente, a forma do passado indica que é altamente provável que ele vai marcar. No entanto, se ele falha, ele resiste à tendência. A seleção de futebol inglesa perdeu os três últimos jogos por penáltis, nas grandes competições. Alvoroço público seguido de saída do Campeonato do Mundo de 2006 nos penáltis, após derrota com Portugal, e surgem perguntas como: “Por que não conseguem os jogadores ingleses marcar grandes penalidades em grandes competições?” e “Será que os jogadores ingleses têm “estofo” para marcar em grandes competições?”.
Um fator de sucesso para jogadores profissionais é o de manter a consistência. As grandes penalidades são perdidas quando o desempenho cai, e a cada queda mergulham para níveis catastróficos.
Perceber porque varia o desempenho desportivo é um motivo comum para os atletas que procuram o apoio de um psicólogo do desporto (algo que poucos procuram em Portugal). Se começarmos por perguntar: "Até que ponto o seu desempenho no treino varia?" Os atletas tendem a dizer: "Não muito" e se o desempenho melhora ou piora, muitas vezes eles fornecem uma boa razão para isso.
Por exemplo, se um atleta faz supino em cinco séries de 10 repetições de 70 kg, e realiza esta sessão três vezes por semana, é possível que ele possa repetir esse desempenho. Ele pode executar pior se tiver treinado duro já naquele dia, ou é forçado devido a pressões do trabalho, mas, em geral, os atletas com confiança produzem esse desempenho repetidamente com capacidades sub máximas, e isso relaciona-se fortemente com o desempenho real. O ponto-chave é que os atletas estão muito confiantes sobre serem capazes de fornecer um desempenho sub máximo. No entanto, este nível de alterações de consistência muda quando os atletas querem produzir o máximo desempenho em momentos chave.
Ou seja, a emoção pode usurpar o desempenho de rotinas até mesmo aos atletas mais capazes.
Os efeitos da emoção sobre o desempenho são mais evidentes quando as pessoas são convidadas a realizar uma perícia de rotina sob pressão, tais como andar uma escada de corda de 20 metros acima do solo. É a mesma habilidade como andar no chão, mas uma vez que a pessoa fica nervosa e começa a pensar sobre o desempenho, eles inibem o mesmo. Estendendo esta lógica para o desporto, não é surpreendente que as emoções intensas representem a explicação mais plausível sobre o porquê de jogadores de futebol falhem grandes penalidades na competição, mas raramente falta a prática (na medida em que muitos argumentam que a prática de grandes penalidades não seja uma estratégia produtiva), é tudo uma questão psicológica e de postura perante ambientes “agressivos” e não de falta de treino.
Os atletas passam relativamente pouco tempo a praticar sob pressão. Quando o momento crítico chega, eles estiveram pouco expostos a pressões envolvidas, assim talvez não seja tão surpreendente que o desempenho possa variar. Em suma, as habilidades aprendidas em situações sem pressão não serão necessariamente a transferência para situações de pressão.
No próximo artigo irei abordar técnicas para, em ambiente de treino, abordarmos uma preparação para situações de grande stress competitivo, vamos tentar fazer com que os nossos atletas falhem menos em grandes competições.
Joel Maltez
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