Antes de mais não poderia começar sem antes agradecer ao meu amigo Zé pelo convite para escrever este artigo. É com orgulho que o faço e espero poder ser útil sempre que solicitado!
Nesta primeira intervenção decidimos falar um pouco sobre a paixão pelo basquetebol, tentar compreender as motivações e expetativas de quem, semana após semana, trabalha em prol do desenvolvimento da modalidade e como poderemos fazê-la crescer.
Estou ligado ao basket desde que tenho memória, primeiramente através do meu pai que foi jogador e treinador e, posteriormente, dei início à minha carreira de atleta e, até à presente data, de treinador. É curioso ver-se a evolução desta modalidade ao longo dos anos; há quem diga que está melhor; outros afirmam que está pior; eu fico-me pelo meio-termo, ou seja, estamos melhor que há 20 anos atrás, mas poderíamos ter ido ainda mais além, senão vejamos:
A grande maioria dos clubes vive ainda assente na carolice de alguns apaixonados, poucos são os clubes com estruturas profissionais, instalações e meios próprios e se olharmos ao campo financeiro estamos a anos-luz de outros países. No basket não se cria receita própria e todo o dinheiro existente advém de apoios estatais/camarários (cada vez mais escassos), patrocínios e dos próprios atletas que pagam a sua formação. Deste ponto de vista, o que atualmente pedimos aos atletas e pais é que invistam não só o seu tempo bem como o seu dinheiro numa formação onde não há garantias de retorno (na maioria dos casos isso nunca acontecerá), e mesmo os casos de sucesso o retorno é, em Portugal, algo muito distante de outras modalidades. Claro que se olharmos à questão social e mesmo de saúde podemos afirmar que o recebido é muito mais, pois é do conhecimento geral que a participação no desporto desenvolve competências sociais e, claro está, é benéfico para a saúde.
Tirando estas duas premissas com o que é que ficamos? A paixão… e esta sim, move montanhas. Todos sabemos o que é sentir-se apaixonado e os sentimentos que isso desperta. Umas vezes andamos angustiados, nervosos… outras bem-dispostos e alegres… e essa adrenalina faz-nos querer mais e mais. É comum ouvirmos falar de paixão no desporto, que só quem é apaixonado pela modalidade pode atingir o sucesso. Concordo… mas então porque não alastrar essa mesma paixão para outros campos da modalidade. Temos treinadores apaixonados, jogadores apaixonados e até alguns dirigentes… e então os pais, o público, os patrocinadores, os políticos?
Se queremos crescer acredito que este é o caminho! Precisamos de “conquistar” e apaixonar quem ainda não conhece o basket; temos de voltar a transmitir jogos em canal aberto (com acesso a todos); encher pavilhões com jogos emocionantes e derbies que levam o público ao rubro… e só assim teremos a atenção de quem decide e quem pode fazer crescer a modalidade.
Resumindo, é urgente popularizar o basket, fazer aumentar a quantidade de praticantes para, futuramente, podermos exigir maior atenção e então começar a qualificar clubes, treinadores, jogadores, dirigentes, pais e todos os restantes intervenientes. Criar o sentimento de paixão em todos aqueles que não jogam ou nunca jogaram é fulcral para o crescimento… e depois o caminho é mais fácil, ou seja, é só alimentar essa paixão com trabalho, dedicação, sacrifico e muito empenho! Nada que já não estejamos habituados!
João Chaves
Treinador de Basquetebol no GD André Soares (Braga)
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