A Juventude de Viana é um dos “filhos” da terra mais querido pelos vianenses. A derrota em Monserrate, no passado sábado, ditou o regresso do clube laranja à segunda divisão. O percurso laranja, ao longo de 2010/2011, foi longo e sinuoso, acabando com a descida às catacumbas do Hóquei em Patins. Os adeptos laranjas procurarão as mais diversas respostas para a dúvida que assalta todos os espíritos: “Como é possível passar de segundo classificado a despromovido?”.
Apesar do desfecho final, há uma verdade que é indesmentível: a Juventude de Viana foi briosa na forma como lutou, até ao último suspiro, por uma manutenção que deixou sempre bem claro estar ao seu alcance. A prestação laranja nas derradeiras jornadas da prova emitiu sinais que acalentaram a esperança de todos os vianenses que nunca deixaram de estar de mãos dadas com a sua equipa em Monserrate.
Importa regressar ao final da temporada passada, quando em julho de 2010, o então Presidente António Longarito pediu a suspensão do seu mandato, por motivos profissionais. Rui Natário, um dos vice-presidentes, tomou as rédeas do clube, de forma a evitar a queda do colosso. No entanto, o pior estava para vir. Luís Viana e Paulo Almeida roeram a corda e seguiram para o SL Benfica, um gigante que iria oferecer melhores condições aos atletas. O goleador vianense foi o terceiro melhor anotador, com 51 golos, que ajudaram as águias a estar na discussão do título, até à derradeira ronda. Paulo Almeida esteve para assumir o comando técnico da Juventude, acabando integrado na estrutura técnica dos lisboetas.
Assim, o emblema de Viana teve de encontrar outras soluções, com a época demasiado à porta. O ex-capitão da equipa laranja, Pedro Neto, aceitou o desafio, saindo a meio da época, devido aos maus resultados. Recorde-se que o início de campeonato não foi fácil para a Juventude, com quatro derrotas diante de colossos da modalidade (Benfica, Óquei de Barcelos, Candelária e Oliveirense). O primeiro ponto conquistado surgiu na receção ao Espinho, à quinta ronda, numa igualdade (4-4) consentida depois de os vianenses terem estado a vencer por dois golos. Seguiu-se um empate em Valongo, para na jornada seguinte chegar o primeiro triunfo, na receção ao Limianos, à sétima jornada.
A derrota em Tomar e o empate em Cascais, perante adversário diretos, ensombraram a vitória sobre o HC Braga. O ponto alto da época aconteceu com o vergar do campeão em Monserrate, a que se seguiu uma impensável derrota no reduto do Cambra, na ocasião lanterna vermelha. Até ao final da primeira volta, mais quatro pontos colocavam a Juventude no décimo lugar com 16 pontos, dois acima da linha de água. Apesar da má entrada no campeonato, os vianenses tinham arrumado a casa, vivendo em águas, ligeiramente mais calmas. Referir que nesta fase, como em outras do campeonato, as novas regras do Hóquei foram madrastas para a Juventude, com o critério da arbitragem a prejudicar grosseiramente a Juventude de Viana. O caso mais visível acabou por ser em Barcelos, no derby com o Óquei local.
Genericamente, refira-se que a segunda volta foi de quebra de Juventude. Em 14 encontros realizados, registam-se quatro triunfos, com Limianos, SC Tomar, Cascais e Cambra. A primeira vitória aconteceu no reduto do Limianos, após seis derrotas consecutivas. Os triunfos sobre o Tomar e Cascais limparam as contas da primeira volta, com uma derrota em Braga pelo meio. No entanto, as derrotas com FC Porto e Gulpilhares asfixiaram os três pontos conquistados com o Cambra. Proibida de perder em Porto Santo, a Juventude de Viana voltou a deixar a nu as dificuldades em jogar fora de casa, onde venceu apenas na casa do lanterna vermelha Limianos, que conseguiu mais pontos fora de portas (nove contra os seis da Juventude). O percurso laranja encerrou com mais uma derrota, agora em Monserrate, com o Física.
Identificado outro problema dos vianenses (jogar fora de casa), será importante reavaliar outras situações. Além de Luís Viana e Paulo Almeida, a Juventude de Viana perdeu jogadores como Pedro Alves e Sapo (que apenas jogou meia época, na passada temporada). Os jovens contratados Diogo Fernandes, Zé Pedro e Hugo Costa vieram trazer a irreverência que a equipa necessitava, mas faltou mais experiência aos vianenses, em dados momentos da época, essencialmente com adversários diretos. Esse facto explica o porquê da Juventude claudicar na finalização (outro facto indesmentível é que os vianenses criaram inúmeras ocasiões por jogo), enquanto os seus opositores não.
Numa época onde Didi surgiu a meio da temporada como timoneiro da embarcação laranja, fica o registo de uma entrega brutal por parte dos jogadores laranjas. Johe surgiu a meio da temporada para suprir a falha de um goleador temível. Com exceção de um ou outro jogo, Johe não conseguiu ser o D. Sebastião laranja que levasse o clube à salvação, apesar de toda a entrega dada e exibições positivas realizadas. Com dez golos apontados, o angolano ficou atrás de André Centeno (15 golos) e de Didi e Diogo Fernandes, com 18 golos. O melhor marcador da Juventude de Viana foi Hugo Costa com 27 golos, ocupando o 20º lugar em termos absolutos de campeonato.
Em artigo de opinião, publicado no portal mundook.net, Passo Lomba “responde” de forma precisa à dúvida que lançou o mote a esta reflexão: “a culpa é de todos! Direção, equipa técnica e plantel”… “descemos porque não conseguimos ser em ringue superiores aos outros!”. Tem a palavra quem sabe, embora quem acompanhe o clube saiba do valor desta equipa que, esperemos, em breve voltará para o lugar que é o seu.
João Santos
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