Aparentemente parece fácil descrever o treino desportivo como um encontro entre os atletas, algumas vezes por semana. No entanto, o treino desportivo deve ser mais do que isso, um conjunto de técnicas com intuito de obter melhoria da técnica, da táctica e da condição física. Qual a intensidade de treino? A que percentagem da capacidade cardíaca máxima? Será igual para todos? Quantas vezes por semana? Que tipo de exercícios? Estas são algumas questões que podem surgir quando se fala em treino desportivo. Tudo isto é importante. Cada vez mais a deficiente preparação global do jogador, impõe a máxima eficácia dos músculos, máxima tensão tendinosa, falta de desenvolvimento adequado do músculo, estão de entre os factores causadores de lesões pela má condição do atleta e falta de planeamento do seu treino!
O planeamento adequado do treino deverá ser projectado pelo treinador, no entanto, cabe-nos, prevenir e alertar as condições que poderão levar a ocorrência de lesões. As massas musculares e a força deverão ser trabalhadas para fortalecer ligamentos, tendões e músculos, para melhor estabilização das articulações onde actuam. O perigo máximo, em qualquer modalidade, reside nas primeiras 3 a 4 semanas de treino, pois o atleta apresenta flexibilidade diminuída, às vezes um aumento de peso e reflexos diminuídos. Algumas condicionantes devem estar inerente:
1. Aquecimento: favorece a preparação fisiológica e psicológica do atleta; diminui a probabilidade de lesão; aumenta a temperatura corporal e prepara para o exercício.
2. Progressividade: o aumento das cargas deve ser gradual; uma variação brusca de um plano de treino é acompanhada usualmente de lesões.
3. Tempo: Conjugar a quantidade de trabalho com o estado físico actual de cada atleta, em termos de duração de treino. Evitar os extremos, um atleta fatigado é “presa fácil” da lesão.
4. Intensidade: à medida de aumenta o tempo por treino, a carga também é aumentada.
5. Nível de capacidade: a capacidade física de um atleta difere em toda a época desportiva, diferindo de atleta para atleta; deve ser individualizado e só deverá ser executada acompanhando a saúde e segurança para este.
6. Força: O reforço muscular é indispensável, mas com moderação e adequado às características de cada um; deve partir do global para a individualização muscular e de cada atleta visando as suas funções em competição.
7. Técnica: o aperfeiçoamento técnico é importante para alem de aumentar a eficácia do jogo, permite não contrair determinadas lesões pela pratica indevida. Se bem que algumas lesões são fruto das actividades repetidas como as tendinites. (são alguns exemplos: o cotovelo do tenista- epicondilite; o joelho do saltador – tendinite do tendão rotuliano, etc).
8. Motivação: Muitas vezes ignorado, é um factor de extrema importância na obtenção de bons resultados – aumenta a concentração. Parte essencialmente do treinador.
9. Especialização: exercícios específicos para força, relaxamento e flexibilidade. No ponto de vista de prevenção de lesões, a flexibilidade surge como principal factor – um atleta com pouca flexibilidade está mais propenso a roturas musculares e tendinosas.
10. Relaxamento: Durante o treino, e após cada série de exercícios, os grupos musculares devem ser relaxados, melhorando a fadiga e a tensão muscular.
11. Rotina: Mesmo depois do término da época, o atleta deve manter o exercício físico para que as perdas de flexibilidade e condição física sejam menores.
Haveria muito mais a dizer sobre o assunto, mas nessa impossibilidade, aqui foram apresentadas apenas algumas dicas de como poderia consistir, no geral, um plano de treino visando a menor probabilidade de lesão. No entanto, há plena consciência k um treino individualizado nem sempre é possível, principalmente pela falta de acompanhamento que muitas equipas têm. Principalmente a nível regional/distrital. É igualmente importante ter em consideração que os jogadores não são máquinas de produção, mas sim pessoas com capacidades e dificuldades diferentes. Para mim, o treino deve ser: específico, regrado e motivador!
Remato deixando aqui algumas deixas de um conhecido treinador:
"A forma não é física. A forma é muito mais que isso. O físico é o menos importante na globalidade da forma desportiva."
"Não sei onde começa o físico e acaba o psicológico ou o táctico. Para mim, o futebol é globalidade, e o jogador também e assim não consigo fazer a divisão."
"Eu não trabalho o físico. E quando dizem que o Porto está muito bem preparado fisicamente, refuto isso totalmente. O Porto utiliza uma metodologia que rompe com todos os conceitos tradicionais do treino analítico." (José Mourinho)
Lígia Rio
Fisioterapeuta
Devemos todos seguir estes concelhos, muito importantes.
ResponderEliminarParabens Ligia, continua a escrever, estarei cá para ler :)
Atentamente,
Hugo Agra