Romeu Dinis tem dois amores, o andebol e o futsal. Como Marco Paulo, também o talentoso guarda-redes não sabe qual gosta mais. Com 31 anos, Romeu desdobra-se entre treinos, jogos - na Associação Desportiva Afifense (andebol) e no Santa Luzia (futsal) - e o seu emprego, na restauração. O percurso desportivo do atleta vianense iniciou-se aos dez anos, onde começou uma ligação que ainda se mantém com o andebol e o Afifense. O futsal surgiu recentemente, há quatro anos, com um convite feito pelo ARA. Depois seguiu-se o Vianense e esta época joga no Santa Luzia. Romeu é um caso raro de ecletismo no desporto, por isso o DEV quis conhecer melhor Nuñez/Panda (como é conhecido no andebol e futsal, respectivamente).
Romeu é fácil conciliar as duas modalidades?
A nível de treinos é quase impossível. No futsal treino às segundas, terças e quintas e no andebol só me é possível treinar as sextas-feiras. A nível de jogos depende do calendário. Há sábados que faço dois jogos. É sair de um e ir para outro o que se torna um pouco desgastante, mas gosto de o fazer.
Dás prioridade ao futsal, então?
Sim, dou prioridade ao futsal como no ano passado. No entanto, caso não seja convocado posso sempre jogar andebol. Se os horários dos jogos o permitirem, faço os dois jogos.
Quais são as maiores dificuldades que advêm de praticar futsal e andebol?
São modalidades completamente diferentes. No andebol é mais difícil defender porque um jogador com a mão coloca melhor a bola do que com o pé. No futsal tenho uma vantagem, ganhei bastantes reflexos ao praticar andebol e isso torna-se muito útil. No futsal a minha maior dificuldade é a nível técnico, como por exemplo a posição barreira. As posições dos guarda-redes nas duas modalidades são bastante diferentes bem como a colocação de um guarda-redes na baliza, mas com o tempo tenho conseguido superar essa dificuldade.
Já te aconteceu confundir as regras durante um jogo?
Não, nunca me aconteceu.
Conta-nos alguma situação caricata que te tenha ocorrido à conta desta “mistura” entre andebol e futsal.
No futsal tenho a alcunha Panda, devido à mistura das duas modalidades. Passo a explicar. No andebol uso muito uma defesa de recurso, que é designada por defesa em leque, que é uma defesa em que salto e me abro todo no ar, cobrindo o máximo da baliza possível. No futsal também o faço, não no ar, mas sim rente ao solo, no qual fico praticamente sentado todo aberto, parecendo um panda (risos). Os meus amigos têm um bom sentido de critica. (risos)
legenda: O "leque" em acção numa partida de futsal
E quanto aos treinos. Quais são as principais diferenças entre o treino especifico de guarda-redes de andebol e de futsal?
É bastante diferente. No futsal defende-se muito no solo enquanto no andebol tem de ser aguentar ao máximo à espera do remate do adversário, para depois cobrir ao máximo a baliza.
E quando à intensidade de jogo? Em que modalidade sentes mais pressão?
Em todos os jogos há pressão mas tento libertar-me dela no decorrer dos jogos, para assim a concentração ser maior. A nível de andebol há mais intensidade, por isso também há mais golos.
É mais fácil defender um livre 7metros ou um penalty?
São os dois difíceis. Fica muito grande a baliza no momento de defender...
És guarda-redes. Foi a posição que escolheste ou foste “empurrado” para a baliza?
Comecei na baliza porque o meu irmão também já o era. Habituei-me ao lugar, adaptei-me e é onde realmente gosto jogar.
Quais são os teus objectivos no desporto?
Neste momento os meus objectivos passam por ajudar os clubes que estou a representar a atingirem os seus objectivos. A nível pessoal gosto de criar um bom relacionamento com pessoas novas, criando um bom grupo nos clubes, tentando transmitir os conhecimentos que possuo para os guarda-redes que virão a representar no futuro os clubes.
Qual o momento mais marcante da tua carreira? E o mais negativo?
No futsal foi a subida pelo SC Vianense ao Nacional da 3ª Divisão. No Andebol tive alguns momentos marcantes, como por exemplo aos 17 anos, sendo ainda júnior, representar a equipa sénior da AD Afifense na 3ª Divisão Nacional. Ainda nesse ano joguei contra o FC Porto, para a taça de Portugal.
Outro momento marcante foi a quase subida à 1ª Divisão Nacional, na fase final da 2ª divisão, que não conseguimos por muito pouco.
O momento mais negativo foi, sem dúvida, a descida do Nacional da 3ª divisão pelo SC Vianense. Isto levou a que o Vianense acabasse com a secção de Futsal e originou a separação do grande grupo formado na altura. Desde já aproveito para deixar um grande abraço a todos os ex-colegas de equipa e à ex-equipa técnica, que são como uma familia para mim.
Qual o teu ídolo?
Carlos Ferreira
O que faz falta no andebol de Viana do Castelo? E no futsal?
No andebol maior apoio financeiro por parte da Câmara. No caso do Afifense, este possui muitos jovens em formação, em vários escalões, e não é suficiente o apoio dado.
No futsal faz falta mais apoio pela associação de futebol de Viana e uma maior união entre os clubes do distrito.
Para finalizar, há espaço para uma terceira modalidade?
Já é difícil com duas, com três então seria praticamente impossível.
JDR
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