domingo, 21 de julho de 2013

Dito e feito: Fazer notícia ou ser notícia?

A polémica está instada em qualquer rede social. Não falo de qualquer vírus que afecte os computadores à escala portucalense e impeça o acesso a estas ferramentas, para muitos hoje em dia essenciais. Falo de um episódio que afecta todos aqueles que gostam de desporto, e mesmo os que apenas simpatizam.

Falo concretamente das inúmeras reivindicações quanto àquilo que realmente é digno de destaque na imprensa desportiva nacional. Com certeza todos viram multiplicar-se gritos de justiça quando Rui Costa, poveiro de gema, ganhou com a camisola da Movistar uma etapa da volta à França. O português conseguiu um feito que enobrece, e de que maneira, o seu palmarés, afinal é a mítica volta à França.

Mediante tal feito, no dia seguinte, as capas dos jornais desportivos permaneceram impávidas e serenas com apenas pequenas chamadas de capa. Uns perguntavam se o feito não tinha sido suficientemente honroso para Portugal, outros eram irónicos ao lançar que afinal Rui tinha ganho uma etapa que qualquer um ganharia, a 16.ª etapa, Vaison-la-Romaine e Gap.

Rapidamente, isto espoletou os ataques às políticas editoriais dos jornais. Li e reli vezes sem conta a justificação que tudo o que não seja futebol não é motivo para capa.

Exactamente achei isso curioso porque o Desporto em Viana interessa-se por tudo o que os outros não consideram capaz de dar capa e audiência.

Estará o Desporto em Viana errado ou estará a imprensa nacional efectivamente monopolizada em volta do futebol?

É certo que se diz que Portugal é o país do fado, folclore e futebol. Será também este último candidato a património imaterial da humanidade? Não é que a modalidade não tenha valor, pelo contrário, sabemos até que move multidões.

Sem o destaque que o público queria este primeiro murmurinho passou, no entanto Rui Costa voltou a pôr a imprensa desportiva à prova. Na 19.ª etapa, Bourg-d'Oisans-Le Grand-Bornand, venceu de novo.

Só Joaquim Agostinho tinha ganho duas etapas na volta à França em 1969 e, agora, Rui Costa igualou essa marca. Na geral o português ocupou o 24º posto, subindo 8 lugares. Para o atleta ganhar duas etapas suplanta-se até ao fazer parte do top ten.

E para os jornais portugueses que significou? E para o público?

Pois bem, quando saíram as capas dos jornais as análises rigorosas e já expectáveis das pessoas iam gerando comentários e traduzindo novamente indignação, não tanta como da primeira vez.

A Bola chutou pelo seguro e deu a capa a Rui Costa. Entre os comentários foi a que maior aprovação teve e felicitações por fazer o que nenhum dos outros fez. No Record a referência é mais pequena, mas ainda assim escapa. O Jogo é que tem levado com muitas balas porque a referência é pouca. Bruno Gama, que faz capa, parece não ser muito familiar para o público, nem suplantar o feito de Rui Costa para ocupar o seu lugar.

Os jornais generalistas também se salvaguardaram e mencionaram o feito. Na guerra dos jornais desportivos com maior expressão A Bola parece ter levado um globo de ouro. Mas será tão anormal colocar na capa um feito que não se repetia há 44 anos? Será que não há tempo para deixar em stand by uma época futebolística que verdadeiramente está a começar?

Na verdade, e após evidências, argumentos ou opiniões a conclusão é só uma: trata-se de prioridades...

Se para a imprensa nacional tudo o que não for futebol não tem realce, maior é a razão de existência do Desporto em Viana. Porque tudo o que não interessa aos outros a nós desafia-nos. Estaremos errados? Só por lutarmos pelo que acreditamos só podemos estar no caminho certo, mas os que nos seguem são sempre soberanos.

Marisa Ribeiro

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