quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Editorial: Usar os Jogos Olímpicos para pensar o desporto

Portugal nunca poderá sonhar muito nos Jogos Olímpicos (JO), enquanto a política desportiva não for seriamente pensada e revista. O último disparate que li vinha na edição do "desportivo" Record de 28 de julho. Com o título: "Federação comprometida com medalha de Telma", a notícia informava que "O Governo assinou recentemente contratos-programa com as federações desportivas sujeitos à obrigatoriedade de obtenção de resultados desportivos. Dos despachos publicados em Diário da República analisados por Record, a maior exigência é colocada à Federação Portuguesa de Judo (FPJ), que se comprometeu a ter um atleta no pódio dos Jogos Olímpicos e a “alcançar 1 lugar na final do Campeonato da Europa”, entre outras exigências que se estendem até às seleções nacionais Sub-23, de juniores e de cadetes."

Quem se interessa minimamente por desporto sabe que as performances de equipas e atletas são influenciadas por variadíssimos fatores. A última coisa que se deve exigir a alguém é que carregue nos ombros mais esse fardo. E que fardo! A Telma Monteiro é uma campeã. Merece todo o apoio e o desenvolvimento do judo português não deve ser afetado pela prestação menos conseguida dela e da restante comitiva de judocas em Londres.

É injusto exigir a quem é pouco apoiado que compita de igual para igual contra atletas que diariamente são acarinhados pelos seus países. Neste ponto, chamo atenção para o trabalho desenvolvido em Espanha, desde a missão para os Jogos Olímpicos de 1992 em Barcelona. Se nesses Jogos, os resultados não foram os melhores, de lá para cá, a nação espanhola tem acumulado conquistas em todas as modalidades. Fruto da planificação adequada e da implementação de um plano desportivo. Se queremos medalhas, temos de dar condições aos jovens que se desenvolvam para as conseguir. Se queremos medalhas, devemos começar já a apostar nas crianças. São elas os futuros heróis portugueses.

Boa semana desportiva
José Domingos Ribeiro

1 comentário:

  1. Bravo Zé, muito bem dito, pena é que estas declarações não cheguem nunca a quem de direito, e mesmo que cheguem, esses senhores não querem saber disso para nada. Enquanto as pessoas que nos desgovernam não perceberem que é através do desporto que as sociedades se projectam, não vamos a lado nenhum.
    Mais uma vez parabéns pelo teu editorial, continua com o bom trabalho.

    Rui Silva

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