quinta-feira, 26 de abril de 2012

Opinião: Como lidar com a pressão no desporto (parte II)

Os atletas gastam relativamente pouco tempo a treinar sobre pressão. Quando o momento crítico chega, eles tiveram relativamente pouca exposição a pressões envolvidas com a sua prática assim, não é surpreendente que a sua performance possa variar. Em suma, aptidões adquiridas no treino sem pressão não são necessariamente transferidas para situações de “stress” como a competição.

Uma estratégia útil passa por aprender a executar exercícios simulando as exigências da competição, usando a imaginação. Um desenvolvimento recente no que respeita à pesquisa da imaginação é o modelo PETTLEP (Physical, Environment, Task, Timing, Learning, Emotion and Perspective) – ver tabela 1. O PETTLEP tem como objetivo aproximar e replicar as situações do desporto de competição através da imaginação, incluindo sensações físicas e emocionais associadas à performance. Pesquisas demonstraram que a imaginação está associada ao aumento da capacidade de bons desempenhos na pressão da competição.

Modelo PETTLEP
Os atletas devem aprender a imaginar-se a executar o seu desporto com sucesso em situações de pressão mas, não devem subestimar as exigências da sua execução. É importante ter uma boa performance e uma boa condição quanto a emoções positivas mas também é importante não criar um cenário falso que não representa como a tarefa será difícil. Quanto maior e mais eficiente for a capacidade de imaginação do atleta melhor será a probabilidade de um bom desempenho. Quão mais regular for este tipo de treino do imaginário do atleta melhor será a sua reação ao ambiente de pressão existente na competição.

Gerir hábitos mentais

O condicionamento emocional ou a reprogramação de hábitos mentais envolve desafiar os hábitos associados ao pensamento negativo. Os efeitos de emoções desagradáveis são, por vezes, fruto de pensamentos negativos e as pessoas que tem esse hábito deverão começar por tentar quebrar esse “elo”pois é algo que as vai sempre condicionar. A chave é reprogramar a mente para substituir esses hábitos negativos por imagens e pensamentos positivos. Eventualmente, estes novos pensamentos positivos virão a tornar-se habituais e o desempenho mais consistente.

E se até aqui este tipo de planeamento era considerado um método eficiente para mudar o pensamento dos atletas (pessoas) e se, até aqui, isto funciona colocando a barreira da prestação pobre ao lado da solução (ver tabelas seguinte). Ao colocar barreiras e soluções lado a lado, o processo de implementar soluções pode vir a tornar-se automático. Durante as fases de aprendizagem, as pessoas repetem o “e se…” plano diariamente até se tornar natural. Este “e se…” plano pode reestruturar pensamentos negativos e torná-los em positivos ao preparar frases pré-estruturadas para o efeito.



Com a prática, podem tornar-se mais capazes de controlar as próprias emoções e usar estratégias psicológicas para tratar de situações de performances. Também é importante saber o que cada emoção do atleta significa e qual a resposta mais apropriada para lidar com isso.

Praticar habilidades desportivas usando a competição imaginária e estratégias “E se”, combinadas com o programa PETTLEP pode ajudar bastante a lidar com as emoções no desporto. Com a prática, podem aprender a gerir as emoções negativas até se tornar um hábito.

Isto são estratégias que uso com os meus atletas e dão resultados muito positivos. Mas atenção, é preciso um bom conhecimento da personalidade dos nossos atletas para avançar com algumas destas estratégias e, ao realizarmos este tipo de exercícios no treino não só ficamos a conhecê-los melhor como vamos conseguir mais auto-confiança nas competições. Agora é só pegar neste material e adaptar ao nosso desporto, ao nosso treino e aos nossos atletas.

Joel Maltez
(Adaptado de Peak Performance)

recorde a primeira parte deste artigo aqui

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