"Recompensa sabe a pouco!" Foto: Carlos Rocha |
Não era segredo para ninguém! Na procura de um objetivo pessoal, diariamente assumido, de vencer a 73.ª Volta a Portugal em Bicicleta, Rui Sousa (Barbot-Efapel) enfrentava, este sábado, a derradeira oportunidade de prolongar o sonho por que tanto lutou até aqui chegar. Contudo, na chegada ao Alto da Torre, a mais dura etapa desta edição da prova rainha do ciclismo nacional, o corredor vianense tem razões para sorrir. Segundo classificado da tirada, perdendo o sprint final para André Cardoso (Tavira Prio), o ciclista de Barroselas conquistou o terceiro lugar do pódio, a 2 minutos e 24 segundos do camisola amarela Ricardo Mestre (Tavira Prio), “recompensa” que, ainda que com sabor amargo, quererá guardar até Lisboa.
Maior dureza e dificuldade aparte, o figurino da 8.ª etapa em linha foi, como tantas outras, recorrente. Desde bem cedo, o pelotão foi alvo de sucessivos ataques, entre os quais emergiu uma fuga de 13 homens que, uma vez mais, viram o seu esforço e audácia gorados. Porém, para a história da tirada, fica a notável performance de Rui Sousa, que juntamente com o camisola amarela Ricardo Mestre (Tavira Prio) e dois homens da equipa algarvia assumiram o protagonismo do dia.
No término da tirada, em declarações à RTP, um Sousa visivelmente desiludido, lamentou não ter vencido a Volta, precisamente quando, ao final de tantos anos, “chegava a uma equipa onde tenho a liderança”. Questionado sobre o terceiro posto alcançado na classificação geral, o vianense qualificou-o como uma “recompensa”: “Estou no pódio, mas sabe a pouco. O objetivo passava por tentar discutir a Volta e não o pódio. Depois de ver que dificilmente venceria a Volta hoje, o grande objetivo era vencer a etapa aqui. Sinto um pouco de frustração”, confessou.
Com espírito de fair-play na hora de congratular os vencedores, Rui Sousa reconheceu a superioridade dos opositores do Tavira Prio que, a seu lado, pedalaram montanha acima até à linha de meta: “O Ricardo Mestre [camisola amarela] e a sua equipa estiveram uns pontos acima. Parabéns para eles”, concluiu.
As prestações do colega e amigo César Fonte (Barbot-Efapel) também não passam despercebidas. Numa etapa onde, novamente, andou lá na frente, apesar de visivelmente agastado, tudo fez para ajudar Rui Sousa nos quilómetros finais. O corredor de Vila Franca completou a tirada na 42.ª posição, ocupando agora o 26.º posto da classificação geral, a 27 minutos do líder.
Ultrapassada a Etapa Rainha, domingo, na discussão da 9.ª tirada, a caravana parte da Covilhã e termina na Sertã, um percurso de 182,3 quilómetros, caracterizado, novamente, por duas passagens pela linha de meta e ainda com uma subida de 4.ª Categoria.
Filme da 8.ª Etapa (Seia – Seia Torre)
Fuga: 1) Vitória! Tal como ontem [sexta feira], Rui Lavarinhas afirmava no DEV, opinião que veio a confirmar-se, a camisola amarela está entregue a Ricardo Mestre, convicção tão mais forte depois do tempo recorde obtido no contra-relógio. Embora em terreno que não lhe é tão favorável, juntamente com os companheiros da Tavira Prio, o ciclista português não deixou os créditos obtidos por mãos alheias, trepando até final com todo o mérito. 2) Derrota! Hernâni Broco (LA Antarte) foi o grande derrotado do dia. Segundo classificado à partida para a chegada ao Alto da Torre, Broco não teve pedalada para acompanhar bem de perto a concorrência, cortando a linha de meta definitivamente afastado não só do sonho da amarela como ainda de um possível lugar no pódio final.
Destaque: Enorme o pulmão e espírito de sacrifício de Rui Sousa. Depois de ontem [sexta-feira] ter surpreendido tudo e todos com o tempo obtido no contra-relógio, o barroselense procurou com todas as suas forças escrever um final de etapa feliz. Falhado o primeiro e principal repto, é, no entanto, de salutar a boa campanha, que será, assim nada de anormal aconteça, coroada com a conquista do último, mas ainda assim gratificante, lugar no pódio.
Insólito: Depois de ontem [sexta feira], o comentador RTP, Marco Chagas, se ter mostrado bastante surpreso, incrédulo até, com o tempo obtido por Rui Sousa no contra relógio, dizendo que este deveria estar “errado”, à partida para a etapa, na antevisão concedida à RTP, o corredor poderá ter respondido a Chagas, dizendo que “há pessoas que têm memória curta e não se lembram que eu já conquistei vários primeiros lugares na Volta". Verdade ou não, certo é que Marco Chagas deixou no ar a ideia de ter ficado incomodado com as palavras do vianense, uma vez que, questionado sobre o sentido das mesmas, de imediato afirmou que não lhe “servia a carapuça”.
Diário Lavarinhas
Rui Sousa: “Foi uma etapa muito dura, onde ele esteve bastante bem. O Rui sobe igualmente bem pelo lado de Seia. É uma recompensa o terceiro lugar após tantos anos.”
Tavira Prio: “A equipa esteve muito bem, está num bom momento, principalmente o Nélson Vitorino que eliminou a concorrência. Apesar de não ganhar [Rui Sousa], parte da vitória desta Volta também vem de Viana porque o Dtr.º Benjamim Carvalho é o responsável pelos treinos da formação algarvia, no ciclismo desde 1996. É vianense, o responsável pelas vitórias que o Tavira Prio tem tido.”
César Fonte: “Não foi na fuga, andou sempre num grupo intermédio. Contudo, ainda foi na ajuda ao Rui Sousa, quando foi apanhado um pouco mais acima. O César tem estado muito bem e, se o corpo se for habituando, podemos contar com ele para os próximos anos.”
Hernâni Broco: “Pela negativa. Prometia e prometeu, mas não passou disso. Posto isto, só se acontecer algo de muito anormal é que o Ricardo Mestre perde a amarela."
9.ª Etapa: “Para amanha [domingo], depois do desgaste dos dois últimos dias e restantes etapas, tudo depende do que as equipas com sprinters quiserem. Poderá ser finalmente o dia de uma fuga chegar a bom porto.”
[O Desporto em Viana agradece a Rui Lavarinhas a colaboração]
Aceda ao filme da 8.ª Etapa AQUI
Pedro Borlido
com Fabíola Maciel e José Domingos Ribeiro
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