O desporto dito não profissional merece um verdadeiro estudo. Daqueles aprofundados. Uma das questões mais interessantes de abordar teria que passar, obrigatoriamente, pela forma como se sobrevive contra tudo e contra todos. Patrocínios nem vê-los, jornais e rádios só a nível local e mal. Televisões só nas privadas, porque o canal público opta por coisas estranhas como Orientação e BTT.
Um dos casos mais estimulantes, ainda que com defeitos identificados, é o Voleibol Clube de Viana. Com mais de uma dezena de anos, o único clube de voleibol do distrito de Viana do Castelo com equipa sénior nos escalões nacionais há muito tempo, vive, por estes dias, dores de crescimento, normais quando a ambição não se limita uns míseros metros quadrados de água e prefere os quilómetros de mar.
Com um trabalho notável e um espírito de sacrifício pouco visto a nível nacional, a equipa sénior, por exemplo, tem conseguido feitos exemplares. Três vezes campeã nacional em diferentes divisões, disputa, esta época, pela primeira vez, a divisão A2, o segundo da hierarquia no que ao voleibol diz respeito. Com dificuldades em captar patrocínios, uma situação que se espera mude e que este espaço, que aproveito para saudar, possa ajudar nisso, a equipa sénior tem 95% de jogadores naturais de Viana do Castelo e os que não o são adquiriram esse estatuto ao estudar por cá mantendo-se no tecido produtivo da região.
O tal estudo, a ser feito, teria que abrir um capítulo especial dedicado ao sangue, suor e lágrimas e explicar que para se ter glória basta o espírito de equipa, a vontade de trabalhar e as pessoas certas e sem salário no final do mês. Os exemplos devem ser replicados e não esquecidos. Basta de foguetórios futebolísticos, basta de discursos milionários. Olhe-se para o lado e perceba-se que a essência do desporto se chama desporto. E isto deveria bastar.
* Pedro Antunes Pereira
Atleta do VCV, jornalista
Escreve neste espaço quinzenalmente
Gostei imenso do artigo e acho nobre debruçarem-se sobre uma questão que não é falada tanto quanto se deveria.
ResponderEliminarContinuem o bom trabalho.
Artigo interessante sobre uma problemática comum a vários desportos e clubes, aqui em Viana do Castelo.
ResponderEliminarSó um alerta, o canal público não "opta por passar BTT e Orientação" ( ainda bem que o faz), esses programas são pagos a peso de ouro a produtoras externas para serem disponibilizados à RTP e mediante acordo com esta serem passados gratuitamente nos programas de desporto da RTP2.
Caro Rui,
ResponderEliminarAgradeço o seu comentário. Primeiro deixe-me esclarecer que não tenho nada contra o BTT e a Orientação, tenho contra o serviço público de televisão. E o que diz é verdade e é imoral. Mas prometo abordar estaquestão do serviço público numa crónica futura...