Diana Cerqueira tem neste final de semana o primeiro grande desafio da sua curta carreira. As corridas de 100 e 200 metros no Campeonato da Europa de Juniores tem cores vianenses e a atleta tenciona repetir no futuro este cenário repetitivamente. Após ter alcançado os mínimos, Diana Cerqueira, do Centro de Atletismo de Mazarefes, conversou com o DEV sobre este feito e sobre a sua carreira.
Conseguiste os mínimos para o Campeonato da Europa nos 200 metros. Estavas a contar conseguir obtê-los?
Ao longo da época sempre achei possível obter a marca necessária para os 200 metros. Mas não pode ser só achar, temos que conquistar. As provas em pista coberta correram lindamente e deu mais confiança para as de pista ao ar livre. Houve momentos em que desanimei, onde corri bem mas tinha algumas falhas técnicas da minha parte que não permitiram alcançar antes a marca. Até que, faltava apenas o campeonato nacional de juniores, a última oportunidade que teria para demonstrar que merecia ir a Tallin. Foi uma semana de conselhos de amigos, e principalmente de atletas com maior experiência. Mas também foi uma semana onde estive calma e sempre a ouvir os conselhos do treinador, Joel Maltez.
Descreve-nos a prova dos 200 metros e como te sentiste quando viste que tinhas conseguido?
Há duas coisas que me lembro antes de fazer a final. As palavras do Joel e toda a calma que sentia... Sei que estava na câmara de chamada e parecia que estava na fila do cinema para comprar pipocas para depois ir ver um filme. Mas não, o juiz chamou-me e entrei na pista para a linha dos 200 metros. Experimentei uma vez os blocos, comuniquei um pouco com o treinador, uma vez que este estava por perto e senti-me prontíssima. Ouvi o tiro, e aqui vou eu... cheguei à meta e naquele instante só sabia que o ouro era meu... Momentos depois ouvi a marca e aí... gritei, chorei, e mais feliz fiquei quando estava abraçar o meu treinador e ele disse que marca constituía mínimos para o Campeonato da Europa de juniores, em Tallin. A felicidade que senti na hora, é inexplicável.
Entre o dia em que conseguiste os mínimos e o início do Campeonato passa pouco mais de uma semana. Como tem sido lidar com esta situação? Tens feito alguma preparação especial ao nível do treino?
Lido com a situação da melhor forma possível. Sem preocupações e sempre com os amigos a felicitar e a apoiar bastante. A nível de treino tenho feito tudo normal. Antes questionava tudo que fazia, atualmente não o faço com tanta frequência, uma vez que confio plenamente naquilo que o meu treinador coloca no plano de treino.
Que expectativas tens para o Campeonato da Europa?
A única expectativa que tenho para o campeonato da Europa é dar o meu melhor. Se der o meu melhor, mais não sou obrigada... Mas claro, atleta que é atleta quer melhorar a marca. Gostaria no futuro de alcançar o alto rendimento. Sei que é um objetivo muito alto mas nada é impossível. Em Tallin terei o apoio da comitiva portuguesa. Serei apoiada e darei muito apoio. Trabalhamos todos para o mesmo fim.
Nos países nórdicos as bancadas enchem. Muita gente a ver vai inibir ou fazer-te superar?
Sei que lá vive-se mesmo o atletismo, mas na hora da competição uma pessoa abstém-se de tudo. Claro que fora da competição é emocionante ver milhares de pessoas apoiar.
Com que idade começaste a praticar e como surgiu o atletismo?
O atletismo surgiu no desporto escolar, quando tinha cerca de 10 anos. Lembro-me de fazer os corta-matos na escola e nos distritais. Mas a prova que eu amava era o mega sprint, em que participei nas quatro primeiras competições. Na quarta ediçã fiquei em quarto lugar a nível nacional. Participava em provas regionais, mas muito raramente. Numa dessas provas, em 2009, chamei atenção do meu atual treinador, Joel Maltez. Ele convidou-me a integrar o Mazarefes, acabando por aceitar sem hesitar.
Como foi a evolução como atleta?
A evolução tem sido excelente. Tenho cumprido os objetivos definidos para cada ano. Tenho evoluído bastante, principalmente nos 200 metros. Sou júnior de primeiro ano e sou a terceira melhor júnior de sempre, o que é muito bom.
Qual a primeira memória de uma competição?
A minha primeira memória de competição foi na pista coberta de Braga, integrando já o CAM, aí senti mesmo a competição a ferver. O meu primeiro ano neste clube foi uma descoberta no mundo do atletismo nacional. Anteriormente, antes de ser federada, não sentia quase nenhuma competição. Fazia as provas sem nenhum nervosismo, simplesmente corria.
Tens algum hábito antes de uma corrida?
Tenho mas um não será revelado... Simplesmente é uma coisa minha sem significado algum para outrem mas que para mim tem muito valor.
Quais as referências no atletismo nacional? E internacional?
As referências nacionais são muitas mas para mim as que mais me tocam são o Arnaldo Abrantes, devido à sua garra e ao trabalho que realiza (treinos) para conquistar os seus objetivos; o Rui Silva, apesar de não correr a minha especialidade tem a capacidade de colocar o público simplesmente boquiaberto. Já internacionalmente tenho o Usain Bolt, simplesmente porque é o homem mais rápido do mundo.
Até onde queres ir no atletismo?
“Quero ir até onde o meu comboio me levar”. Uso esta expressão que o meu avô paterno utilizava frequentemente. Claro que o que mais queria é ir aos Jogos Olímpicos. A cereja no topo do bolo será ir aos JO 2016. Mas claro, para isso é preciso dedicação, muito trabalho e muito suor. É um objetivo muito alto na carreira de um atleta mas que muitos o devem ter.
Algo que desejes acrescentar?
Sim. Aproveito este momento para agradecer mais uma vez ao meu treinador. É uma pessoa que faz tudo pelos seus atletas, apoia ao máximo sem questionar, “dá na cabeça” e elogia quando acha que merecemos. Para mim é mais que um simples treinador. É um amigo que desabafa connosco e nós com ele. É exigente e muito trabalhador e é essa a mensagem que tenta transmitir aos seus atletas da melhor forma.
Passa & Corta
Nome Diana Cerqueira
Idade 18 anos
Especialidade Velocidade
Clubes Clube Muralhas do Minho e Centro de Atletismo de Mazarefes
Principais títulos
Em 2010, Bronze nos 200 metros no campeonato nacional de juniores de pista coberta, Ouro nos 100 metros no Torneio Olímpico Jovem, Prata nos 100 metros e 200 metros no Campeonato Nacional de Juvenis, Prata nos 200 metros no Campeonato Nacional de Juniores.
Em 2011, Bronze nos 60 metros no Campeonato Nacional de juniores em pista coberta.
Prata nos 200 metros no Campeonato Nacional de juniores em pista coberta, Prata nos 60 e 200 metros no Campeonato Nacional de esperanças em pista coberta. Ouro nos 100 e 200 metros no Campeonato Nacional de juniores.
Ponto Alto Mínimos de participação para o Campeonato da Europa de juniores 2011
Ponto Baixo Não conseguir acabar os 200 metros em pista coberta quando era juvenil
Recordes pessoais
7,70 segundos aos 60 metros (pista coberta)
24,80 segundos aos 200 metros (pista coberta)
11,98 segundos aos 100 metros
24, 49 segundos aos 200 metros
José Domingos Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário
O Desporto em Viana publicará na integra os comentários devidamente identificados. Os textos que não respeitem esta condição serão analisados, ficando a sua publicação pendente do teor dos mesmos.